Os Vampiros
"No céu cinzento, sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com o seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada.
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios, poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força, mandadores sem lei
Enchem as tulhas, bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei.
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada.
No chão do medo, tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos, na noite abafada
Jazem nos fossos, vítimas de um credo
E não se esgota, o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo, eles comem tudo,
Eles comem tudo e não deixam nada."
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