quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Deficiências e outras mentalidades

Mais uma brilhante proposta do Governo e seus ministros. Desta vez o feliz contemplado será o ministério da educação! As crianças portadoras de deficiências serão a partir do próximo ano lectivo, integradas no ensino regular; com excepção de crianças surdas, cegas e autistas, que continuarão a frequentar o ensino especializado. A ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que a grande aposta é dar formação aos professores do ensino regular para lidar com estas crianças, e integrar as mesmas na socidade. Afirmou ainda que não se trata de corte orçamental, mas quem insista em colocar os filhos no ensino especializado, terá de pagar do seu próprio bolso sem qualquer ajuda do Estado mensalidades que rondam os 360€! De rir é a ideia central deste novo plano, que prevê a possibilidade das crianças deficientes receberem apoio educativo especial pontual, assegurado por professores com formação especifica para estes casos!
Assim, as crianças com síndrome de Down e paralisia cerebral, entre outras problemáticas, passarão a fazer parte do ensino regular, onde nenhum professor é formado no ensino especial, nem terá tempo e disponibilidade para dedicar atenção à sua aprendizagem. Significa que estas crianças, cujos pais e professores se esforçaram para que suprissem as suas dificuldades no ensino especializado, onde as crianças eram acompanhadas e tinham alguém dedicado às suas necessidades, vão regredir em tudo o que aprenderam e desenvolveram até agora, pois integrados numa turma de 30 alunos, barulhentos e malcriados, serão provavelmente esquecidos, gozados e excluidos quer na sala de aula quer no recreio. Nenhum professor com 30 alunos lhes vais prestar atenção, nem terá tempo e possibilidade de explicar o que nem aos ditos "normais" conseguem explicar e fazer compreender. E se as crianças vão começar a ser incluidas no ensino regular na primária, seguramente irão continuar por lá no secundário. Assim se acaba a formação especializada ficando estas crianças numa qualquer sala a tentar perceber quem foi Camões e outros tantos. Não digo que Camões não seja importante, mas certamente para crianças deficientes, o essencial seria ser trabalhado o seu desenvolvimento e autonomia, apostando na sua formação escolar e profissional através de outro plano de educação que não este. E isto já para não falar de quase nenhuma escola regular ter condições nas salas de aulas e casas de banho para crianças deficientes ou sequer permitir o fácil acesso às mesmas.
Viva o ensino em Portugal! Viva a Ministra da Educação! Viva este Governo e seus Ministros!