sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Doença terminal vira Reality Show

A juntar ao somatório dos escabrosos Reality Shows existentes, eis que será filmado nos EUA em Janeiro mais um brilhante programa, em que desta vez os participantes serão doentes terminais... Como o prémio em dinheiro já não serviria de muito, cada programa contará a história de um doente terminal e o prémio será facultar ao doente, a possibilidade de concretizar a aventura da sua vida como desejo final.

A ideia, dizem os produtores, será valorizar a vida e a dignidade humana, celebrando as mesmas e não dar prevalência à morte e ao facto da pessoa estar a definhar diariamente num pesaroso e moroso caminhar para o cemitério.
Ora, não se pode compreender como o mostrar publicamente o dia a dia de um doente terminal, sem qualquer privacidade e padecendo de inúmeras incapacidades, poderá alguma vez constituir um modo de dignificar a pessoa, e de relatar a sua experiência de vida como meio de consciencialização para a dor física, psicológica e problemas enfrentados diariamente. O que espanta é a capacidade de se transformar a curiosidade mórbida de alguns em razões de alta dignificação e preocupação, para se conseguir convencer pessoas que já de si se encontram fragilizadas, a exporem a sua família e sofrimento na praça pública.
Se a preocupação é assim tanta, porque não visitar estes doentes e acompanhá-los bem como às suas famílias, na sua privacidade, proporcionando-lhes o máximo de conforto e saber como lidam com a sua morte "anunciada"? Porque não conhecer as suas necessidades e desejos - e até mesmo tentar concretizá-las, privadamente - em vez de fazer da doença um Reality Show de nível nacional ou mesmo, internacional? Porquê transformar a morte de alguém em programa "fantástico" e de "espectacularismo"? Será que a preocupação pelo doente e sua família ainda vai perdurar após a morte do doente?! Ou o "circo" termina com a «última aventura»?
Assim se vê como a mente humana consegue descer níveis muito baixos, passando por cima de toda e qualquer espécie de consideração humana, baseando-se nessa mesma consideração...só que contudo, numa visão muito deturpada.
É o mexer com vidas e sentimentos a todo o custo, desde que faça render e beneficie alguém, justificando tal acto como algo dignificante e heróico não só para o doente como para a estação televisiva. Talvez fosse melhor fazer uma reportagem sobre estas pessoas e o modo como vivem a sua doença e o «prazo» de vida estipulado pela mesma, em vez de se pretender satisfazer a ganância escondida dos milhões ganhos pelas audiências.
Para outros - leia-se entidades com poder de decisão sobre o conteúdo dos programas televisivos - talvez a ideia aqui subjacente, à semelhança das politicas prisionais de diminuir a população prisional e combater a sobrelotação das prisões, seja a de libertar vagas nos hospitais...

Memória Esquecida

Está a ser desenvolvido por investigadores, um modo de proceder à modificação da molécula Alfa-CaMKII, responsável pela memória, criação e armazenamento de lembranças. O objectivo será apagar da nossa memória recordações desagradáveis e que a pessoa tencione esquecer no intuito de se conseguir ultrapassar determinado assunto sem se ter de lidar com o mesmo, através da via do «esquecimento»! A lembrança desagradável seria simplesmente esquecida, mantendo-se as restantes «boas» lembranças intactas.

Esta investigação, ainda no seu inicio, tem sido desenvolvida em cobaias, que após sofrerem uma alteração nesta molécula, apresentaram maior dificuldade em relembrar situações de medo e vivências apreendidas como desagraváveis; contudo este estudo ainda não foi aplicado em seres humanos.

De relembrar (antes que a memória falhe por alguma razão), que a nossa memória compreende quatro estágios: a memorização, o fortalecimento, o armazenamento e a recordação de informações e eventos anteriormente memorizados.

Neste sentido, a ideia fundamental será apagarmos da nossa memória todas as experiências desagradáveis e que gostaríamos de «apagar» da nossa vida - ainda que também estas experiências façam parte de nós e da nossa aprendizagem e crescimento interior - para passarmos a lembrar-nos somente dos acontecimentos agradáveis e felizes.

Já não bastava a procura pela eterna juventude e perfeição corporal com que muitos vivem obcecados, para agora também estar em vias de desenvolvimento o «rejuvenescimento da memória». Assim em vez de aprendermos com os erros e pretendermos melhorar para uma próxima, somos convidados pelos senhores investigadores a riscar da nossa memória - não a experiência de vida - tudo o que menos gostarmos.

Quem sabe um dia também arranjem modo de esquecermos quem somos, donde viemos e que fazemos na vida - para que em vez de tentarmos mudar o que está mal na nossa vida - comecemos do início sem reconhecer nada nem ninguém.

Já agora arranjem maneira do Ministro das Finanças se esquecer da nossa existência!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Suicídios e suicídios

Há poucos dias atrás uma adolescente de 14 anos decidiu pôr termo à sua própria vida, após o fim de um namoro. A adolescente saiu de casa, enviou mensagens de despedida e agradecimento pela amizade aos amigos e atirou-se da Ponte do Infante, Vila Nova de Gaia. O seu corpo foi descoberto 15 dias depois por pescadores.

Este triste e lamentável acto, revela o desespero e dor desta jovem que tinha a vida toda pela frente, com tanto por experienciar e tantas alegrias e dificuldades por chegar. Mas por ter ainda toda a vida pela frente, não conseguiu suportar a dor que sentia. Isto porque a maioria dos jovens de tão tenra idade não possui estrutura mental para aguentar a dor e a capacidade para a ultrapassar, nem conseguem ter visão para o futuro e compreender que tudo na vida passa e nada permanece para sempre, nem mesmo a dor vivida naquele preciso momento. Infelizmente as crianças crescem com o "material", sendo descurado por parte dos pais e de quem está à sua volta o "espiritual", pois todos só se importam em ver os meninos contentes com os pc's, ipods, roupas, etc; esquecendo que a alma também deve ser alimentada, não de bens visíveis, mas sim de força, coragem, confiança e fé. Muita fé em nós próprios e em Deus que nos ajuda a superar todos os obstáculos, basta pedir, basta tentar.


Mas o suicídio não atinge somente adolescentes, que são já por si mais frágeis em todos os sentidos. O suicídio - ou a sua tentativa - pode atingir qualquer pessoa de qualquer extracto, mas num factor ele coincide; em pessoas fracas de espírito que se deixam abalar pela dor, pois não sabem lidar com a mesma e não estão habituadas a lutar por nada na vida. Geralmente quem se pretende mesmo matar, fá-lo através de meios que necessariamente provoquem a morte, podendo ou não deixar cartas de despedida ou outros dados que revelem essa intenção. Mas procuram o alivio da dor espiritual que sentem, não se importando tanto com a dor física que o suicídio poderá provocar; até porque necessitam que a dor física supere a dor interior.



Outro problema são as falsas tentativas de suicídio, o pressionar os outros para se tentar conseguir o que se pretende, o choradinho e as acusações feitas no mesmo sentido. E pior quando se trata de pessoas adultas, que sabem muito bem manipular os demais, usando truques que sabem mexer com as pessoas à sua volta. Geralmente estas situações acontecem também em rupturas de relações, quando uma das partes não aceita o fim da relação, e tudo faz para continuar a prender a pessoa e fazê-la sentir-se culpada da sua triste vida e infelicidade. São pessoas que não falam de amor verdadeiro, mas sim de um pseudo-amor baseado na dependência, seja ela qual for, emocional, sexual ou monetária. Desse falso amor, derivam as acusações sem nexo, as ameaças de morte e de relações fortuitas com qualquer um/a como "punição pela ausência de sexo" que o outro já não pretende proporcionar, mentiras e dramas de vida, no intuito de atacar e manipular. Gente perturbada ou que se faz de perturbada para tocar no intimo e magoar, sempre como forma de punição para quem pretende refazer a vida sem a pessoa "suicida". São pessoas que ameaçam matar-se e nunca morrem...porque nunca tentam sequer o suicídio, ou se o fazem, é através de meios que sabem não provocar a morte, numa vã tentativa de chamar a atenção e mais uma vez de prender o outro que se quer libertar.


O engraçado é que estes truques são praticados por adultos, que se dizem respeitadores da liberdade a todos os níveis - ou melhor, da libertinagem - e ora dizem que se vão matar e que não são capazes de prejudicar ninguém nem mesmo de serem malcriados, pois o seu nível de educação não lhes permite tal, ora dão largas ao seu verdadeiro interior publicando através da Internet os seus pensamentos mais obscuros, mostrando aí o seu baixo nível (numa tentativa de apelidar a sua nojice de pessoa e pensamento em liberdade de expressão, defendendo que todo o mundo é negro e obscuro), cujos temas batem sempre no mesmo: sexo sem qualquer forma de partilha e amor. Simples sexo pelo instinto, como se se tratasse de um acto animalesco sem qualquer fundamento, mas praticado por sentimento de posse e submissão. Gente que escreve sobre crimes como se de contos eróticos se tratasse, como se a dor das vitimas fosse razão de prazer e excitação mórbida dos leitores. Gente reles, vazia e oca que escreve à procura de quem seja igualmente mentalmente perturbado para dar resposta na mesma moeda, procurando que um qualquer cão ranhoso queira provar o osso podre.
Incrível é que é gente desta categoria e classe que vai trabalhar e estar à frente das mais diversas áreas, lidando com qualquer um de nós, quando nem a si próprios se conseguem recuperar.



Tudo isto para diferenciar o verdadeiro desespero de uma jovem em crescimento que não soube lidar com a dor que sentia nem conseguiu pedir ajuda e apoio, e acreditou que não valia a pena viver mais; com gente realmente perturbada que usa falsas tentativas e ameaças de suicídio para seu belo interesse até encontrar uma próxima vitima.

A Falsa Freira

No passado dia 21 de Outubro, foi publicada uma noticia no jornal 24 Horas com o título "Freira Julgada à Revelia" , contando a história de uma pobre freira que fora condenada pelo Tribunal Judicial de Braga a pena de prisão, por não ter pago a multa aplicada ao seu "crime" de andar em transporte público sem bilhete. Com efeito, o Tribunal assim a condenou e muito bem julgou, porque um arguido ao ser condenado em pena de multa, se a não pagar dentro do prazo estabelecido, pode ver a pena de multa substituída por pena de prisão. Pelo que o tribunal agiu em conformidade com a lei. Poderia no entanto parecer algo excessivo, visto que existem crimes mais graves que este, cujos arguidos andam á solta sem qualquer preocupação.
Contudo, este caso provocou alguma indignação, visto a arguida ser freira, logo, "pessoa de bem", e o caso foi levado ao conhecimento público através do "Você na TV", programa da TVI, no dia 20 de Outubro, tendo como comentador o Dr. Barra da Costa, ilustre professor e investigador.

Felizmente, o Dr. Barra da Costa, como é de seu tom, não se deixou levar em conversas tristes, ao som do piano comovente da TVI e falou de sua justiça - como nos tem já habituado a inquestionável qualidade - referenciando a boa aplicação da lei, ainda que algo exagerada. Mal andou a TVI quando não investigou a fundo o caso da dita freira....é que hoje saiu uma noticia no Correio da Manhã sobre a referida senhora, em que se constata que a mesma não é freira nem nunca o foi, tendo sido já detida 5 vezes por crimes de burla.

Convém assim averiguar melhor os casos, em vez de se levar os mesmos em choradinho para a TV e jornais. Mas isso, é tal como tudo na vida, é sempre a conversa do choradinho e do drama que muita gente gosta de fazer para conseguir o que pretende. Principalmente de quem já deixou de fazer parte da nossa vida...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Durão Barroso e os Ciganos

Mais uma noticia polémica envolvendo a comunidade cigana, desta vez em Itália. O Governo italiano decidiu proceder ao recenseamento dos ciganos nómadas. Contudo em Nápoles e em Milão, foi obrigatório retirar impressões digitais dos ciganos adultos. Em Roma as impressões não foram tiradas, e o Ministro do Interior, Roberto Maroni afirmou ir enviar a policia para tirar as impressões digitais, dos 10 mil nómadas que povoam a capital. Imediatamente se levantaram vozes contra, nomeadamente da ONU, Parlamento Europeu e Roménia (donde são originários muitos dos ciganos), reiterando a violação dos direitos humanos, dignidade da pessoa humana e atitude discriminatória... Engraçado que surgiu também de imediato Silvio Berlusconi juntamente com Durão Barroso a invocar a necessidade de "politicas de imigração, medidas quanto à população nómada e necessidade de se saber quem vive na capital", para melhor integração da comunidade cigana.

Aqui realmente se poderá colocar a questão da distinção entre nómadas ciganos e residentes nacionais, será que ao serem recenseados, tiveram todos de tirar impressões digitais para futuras "medidas e politicas" ou foram só os ciganos??!! E com isto não digo que em verdade não seja boa ideia para "futuras medidas"...

No entanto, gostaria de ver Durão Barroso implementar esta medida na Quinta da Fonte e estendê-la à Cova da Moura, etc...

Sabem ao que vão

Numa reportagem publicada a 18 de Julho de 2008, de nome "Clientes sabem ao que vão", o único que sem ser jurista ou advogado, falou acertadamente, foi o Director-Geral da Saúde, Francisco George (personagem de quem já falei anteriormente noutro texto, não pelas melhores razões).

A reportagem trata de um prostituto infectado com o vírus da SIDA que se continua a prostituir. Deste modo quem mantiver contacto sexual com este individuo, corre o risco de ser contaminado com este vírus mortal.

Para Beatriz Casais (Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida) e Joana Amaral Dias (psicóloga clínica e ex-deputada do BE), porque a prostituição está fora da legalidade nada se pode fazer para se evitar que os infectados com sida se continuem a prostituir.

Mais espanto me causou a opinião da jurista entrevistada, que entende não haver crime de propaganda de doença, isto também por questões de legalidade, pois tanto prostitutos como clientes estão fora da lei e sabem ao que vão!

Ora bem, quedamo-nos a discutir a questão da legalidade. No entender destas senhoras, pelo facto da prostituição não ser legal, e pelos clientes procurarem um serviço ilegal, não terão qualquer protecção se foram contaminados. Porque «sabem ao que vão».

Ainda não lhes deve ter passado pela cabeça que quem tem sida e se prostitui, não anda a bradar aos céus que é portador de tal doença, e permite que outrem se arrisque a um destino fatal (ainda que o cliente tenha a obrigação de pelo menos intuir e saber ao risco a que se expõe). Ainda assim, não podemos apenas dizer calmamente que as pessoas sabem ao que vão. É claro que sabem perfeitamente que podem apanhar uma DST, mas certamente pensam que estão protegidos e que o/a prostituto/a não está infectado (e mesmo que lhe pergunte, a pessoa dificilmente falará verdade). Ninguém vai dizer "tenho sida mas preciso de dinheiro, vamos?" E mesmo que se use protecção, podem existir feridas noutros locais, e daí ocorrerem troca de fluidos contaminados. E ainda que o cliente saiba que o/a prostituto/a é portador/a de tal vírus, e se arriscar a sair infectado, não se poderá dizer que não há aqui crime de propagação de doença, pelo facto do cliente se expor voluntariamente ao risco!

Nem se pode tão pouco defender que se a prostituição não é criminalizada, nenhum facto que ocorra ou decorra do encontro sexual poderá ser criminalizado!

Felizmente que o Código Penal não foi pensado por quem afirma que nada se pode fazer nem nada que seja relacionado com a prostituição é crime. Muito bem considerou Francisco George, ao considerar este "deixar correr o risco" como crime de propaganda de doença,.

Vejamos o que diz o CP no seu art.º 283:

1 - Quem:
a) Propagar doença contagiosa;
(...)
e criar deste modo perigo para a vida ou perigo grave para a integridade física de outrem é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.
2 - Se o perigo referido no n.º anterior for criado por negligência, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos.
3 - Se a conduta referida no n.º 1 for praticada com negligência, o agente é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.

Muito bem que o/a prostituto/a não anda com um bocado de sangue contaminado a ver quem o quer ingerir da sua mão; mas vende o seu corpo contaminado e sabe-o muito bem.

Aqui poder-se-ia entrar na discussão de saber se existe dolo directo (sei que tenho sida e quero transmiti-la) ou dolo eventual (sei que tenho sida e transmita-a ou não, não quero saber); ou até entrar no campo da negligência, visto que o art.º 283 assim o permite, mas isso seriam considerações excessivamente bondosas...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Detenção Fatal

Foi publicado hoje um estudo realizado por investigadores espanhóis, que entende que os sujeitos detidos são mais propensos a sofrer de morte súbita. Estas mortes acontecem, no entender destes especialistas, devido a um ataque de stress, que poderá culminar em ataque cardíaco. Dizem ainda que nos últimos 10 anos, faleceram 60 detidos nestas circunstâncias, sendo todos saudáveis até ao momento da detenção...isto porque em 17 casos, as mortes ocorreram logo após as algemas colocadas, ainda no local da detenção! Este estudo foi baseado noutro, em que se observou a reacção de animais após captura, tendo os mesmos sofrido uma crise de ansiedade, o que os levou à morte. Este stress fatal dá pelo nome de cardiopatia Takotsubo, o qual se traduz numa crise de ansiedade, dando-se uma forte libertação das hormonas adrenalina, noradrenalina e dopamina que podem provocar um ataque cardíaco.

Só faltava este estudo chegar a Portugal, para se dar mais outra alteração ao Código de Processo Penal! Com tanta discussão sobre a prisão preventiva, prazos, quem deve ir preso, se agressores de violência doméstica, se por cometerem crimes com ou sem armas de fogo, se pedofilos, etc etc, talvez fosse melhor não deter ninguém, não vá o bandido sofrer um ataque de ansiedade e falecer devido ao síndrome da captura!!!

Mas atenção, o agente da polícia que «provocar» a morte do bandido, deve ir preso por ter causado a morte ao ser humano tão prestável na sociedade, tão bonzinho e amigo dos pais!!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Estado dos Tribunais

Já num outro artigo aqui publicado, «Estado Assassino» referi a degradação a que chegam os Tribunais deste País, sendo que o Tribunal de Fafe foi um dos felizes contemplados com obras de renovação.

Infelizmente estas correram tão bem que o tecto desabou e matou um trabalhador.

A 16.08.2007 o mesmo Tribunal tinha sido assaltado.

Uma pena que o desabamento não tenha sido aquando do assalto há 1 ano atrás...

terça-feira, 20 de maio de 2008

A vergonha do Óbito Simplex

Recentemente tive de passar por uma situação de óbito, momentos tristes e de dor confrontados com a malograda papelada a tratar. Só quem passa por estas situações e as tem de levar a cabo, conhece a irrisória tarefa de juntar papeis e mais papeis requeridos pelas diversas entidades... Ora vejamos o tão falado "SIMPLEX" (isto para não falar dos funcionários das finanças sempre prontos a ajudar e a explicar os Modelos que temos de preencher e nem eles entendem)...


FUNERÁRIA:


  • Obtém a certidão de óbito passada pelo médico de família e entrega-a na Conservatória do Registo Civil (a partir dai podemos levantar o Assento de Óbito na CRC).
  • Obtém uma Guia de Recebimento do Município onde consta o n.º de sepultura, cova e talhão.
  • Passa a respectiva factura e recibo com as despesas pelo funeral.

A CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS trata do processo de abertura de nova conta e reenvia o mesmo para a CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES:


  • Abrir nova conta em nome da viúva (para adquirir novo nib e receber através do mesmo a pensão);
  • Comprovativo da morada, b.i. e nif da viúva;
  • Certidão de óbito e cartão de pensionista do falecido;
  • Recibo e factura do funeral como comprovativo das despesas.


POLICIA (em caso do falecido pertencer a força de policia):

Para receber o subsidio de funeral, apresentar:


  • Fotocópia Modelo 3 do IRS de 2006;
  • Fotocópia da nota de liquidação do IRS de 2006;
  • Fotocópia da declaração do valor da pensão da Caixa Geral de Aposentações de 2008 e da Segurança Social do falecido (se estiver inscrito na mesma);
  • Fotocópia da pensão auferida pela viúva em 2008 se não estiver declarada no IRS, ou estando, se o valor for inferior a 6.753,24€ deve apresentar uma declaração passada pela Segurança Social onde conste os rendimentos auferidos em 2006 (se não beneficiária da Segurança Social, apresenta-se uma declaração em como não recebe qualquer rendimento da mesma);
  • Fotocópia do nib da viúva;
  • Fotocópia do Assento de Óbito;
  • Declaração da viúva em como não recebe qualquer subsidio por outras entidades;
  • Fotocópia do recibo e factura das despesas do funeral.

Para receber o subsidio por morte, apresentar:

  • Atestado passado pela Junta de Freguesia onde conste não ter havido separação judicial ou divórcio, deixando como herdeiros os filhos (nome, idade, estado civil);
  • Fotocópia do Assento de Óbito;
  • Fotocópia do nib, b.i. e nif da viúva;
  • Fotocópia do Assento de Casamento entre o falecido e a viúva;
  • Comprovativo de morada da viúva;
  • Cartão b.i., cartão ADMG, cartão Serviços Sociais do falecido;
  • Atestado passado pela Junta de Freguesia onde conste o nome do cemitério, e o n.º da cova.

FINANÇAS:

  • Passam novo n.º de contribuinte ao falecido, que passa a designar o n.º de contribuinte da herança;
  • N.º de b.i. e nif da viúva (identificação de cabeça de casal);
  • N.º de b.i. e nif do falecido;
  • N.º de b.i. e nif de filhos;
  • Assento de Óbito do falecido;
  • Planta de localização da casa de morada de família, passada pela Câmara Municipal;
  • Planta da casa de morada de família, com as respectivas áreas;
  • Identificação dos beneficiários da transmissão;
  • Relação de bens
  • Identificação de bens móveis;
  • Identificação de bens imóveis (prédios rústicos e urbanos);
  • Preencher Modelo 1 do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) onde se requer:
  1. Identificação do titular do prédio (n.º de contribuinte da herança)
  2. Motivo da entrega da declaração
  3. Identificação matricial do prédio urbano
  4. Situação do prédio
  5. Tipo de prédio a avaliar
  6. Elementos de conforto e qualidade que o prédio possui e não possui
  7. Data de licença de utilização
  8. Data de conclusão de obras
  9. Data de ocupação
  10. Afectação
  11. N.º de Divisões/andares do prédio
  12. Área total de terreno
  13. Área total de construção
  14. Área bruta dependente
  15. Área bruta privativa
  16. Área de implantação do edifício no solo

NOTÁRIO:

Para fazer a Escritura de Habilitação de Herdeiros, a entregar posteriormente nas Finanças:

  • Certidão de Nascimentos dos herdeiros;
  • Assento de Casamento entre a viúva e o falecido;
  • Assento de Óbito do falecido.

Para fazer a Escritura de Partilhas:

  • Certidão do teor da descrição predial e das inscrições em vigor sobre os prédios pertencentes à herança, e respectivos valores IMT - Imposto Municipal sobre Transmissões - obtida na CRPredial;
  • Caderneta Predial actualizada ou certidão do teor da inscrição matricial (obtido nas Finanças);
  • Se houver prédio omisso, há que preencher formulário de participação da inscrição na matriz).

CONSERVATÓRIA DO REGISTO PREDIAL:

Para proceder ao registo de prédios rústicos e urbanos:

  • Apresentar escritura de habilitação de herdeiros do falecido e conjuge (caso também já tenha falecido);
  • Apresentar escritura de partilhas do falecido e conjuge (caso também já tenha falecido);
  • Apresentar certidões matriciais dos prédios rusticos;
  • Apresentar Modelo 1 do IMI do prédio urbano;
  • Apresentar nota de liquidação das finanças sobre todos os prédios (ou declaração de pendência do processo caso ainda não se tenha recebido a nota de liquidação para efectuar pagamento de imposto dos prédios);
  • Preencher o Impresso de Requisição de Registo, registando em primeiro lugar os prédios dos quais haja trato sucessivo;
  • Inscrever noutro impresso os respectivos n.º de descrição ou matriz dos prédios a registar, tendo de inscrever ainda o nome dos antepossuidores e comproprietários (caso se registe parte do prédio, por outra parte ser de outras pessoas).

Simples? É mesmo um simplex..........................

terça-feira, 1 de abril de 2008

Minha terra, meu Laranjeiro

Na tentativa de procurar qual o critério para a escolha do nome de ruas, dei com um artigo sobre o Laranjeiro, minha pequena terra de que muito me orgulho, não fosse ter sido repovoado repentinamente e à força, por bairros e guetos de gente a quem esta terra nada lhes diz, que vive à custa de subsídios, preferindo assaltar lojas e cafés fazendo temer os seus habitantes pela sua segurança. Há uns bons anos atrás não era raro vermos pessoas na rua até tarde, convivendo e passeando; hoje às 21h da noite é que é raro encontrarmos um café aberto ou alguém a passear descontraidamente na rua. Os assaltos são constantes a lojas, cafés e estação dos correios. As casas têm aspecto sujo e descuidado, vendo as suas paredes adquirirem dizeres insignificantes ou ordinários, como se de grafites se tratassem. Os passeios sujos dos cães, ou melhor das pessoas que gostam de ter cães mas pouco de limpar os seus dejectos. As ruas têm nomes de regicidas, mas esse é um problema de todo um país. Consta que em Cabanas se modificaram os nomes das ruas, porque faziam alusão a pessoas do Estado Novo. Hoje temos nomes de regicidas como se de reis ou heróis se tratassem. Assim começou a minha busca na Internet para encontrar algo que me elucidasse como e com que critérios se escolhem os nomes das ruas, quem os propõe e quem toma a decisão final pela sua escolha. Por fim descobri que a obra cabe a uma Comissão de Toponímia, podendo no entanto os cidadãos participar activamente propondo nomes e reclamar dos existentes. Assim, dei com o artigo que publico abaixo em itálico sobre o Laranjeiro. Contudo o artigo não está completo, pois que o nome do Laranjeiro vem da quinta da minha família, onde nela habitou anteriormente um Padre Laranjeiro, não obstante a quinta possuir diversas árvores de fruto, nomeadamente laranjeiras. Daí se dizer a "quinta do Laranjeiro", e daí o nome da terra. Assim o nome não vem da chamada Quinta do Secretário, mas sim da Quinta do Laranjeiro, situada na Av. 23 de Julho, que hoje em nome do progresso e da inovação conta com prédios e linha de metro. O mesmo metro que rende à Câmara Municipal de Almada 15.000€ de prejuízo diários, pois que a sua travessia de 3 paragens (Cova da Piedade, Laranjeiro e Corroios) conta com pouco mais que o maquinista... A mesma Av. que outrora era piso de terra e ladeada de quintas, em especial, a Quinta do Laranjeiro bem no centro da Av., que por pressões e interesses de outra ordem conjugados com empresas de construção e dinheiro à vista, e sem possibilidades de ser mantida como Museu do Concelho, foi deitada abaixo. Também o famoso Alfeite já viu melhores dias, enfrentando agora o "fecho" que tem vigorado como politica no país.

«Em tempos, era um amplo espaço rural onde pontificavam várias quintas, com as respectivas casas senhoriais, entre as quais a da Quinta do Secretário, edifício do século XVIII, cujo nome lhe advém do seu proprietário, D. Gil Enes da Costa. Um edifício onde a Câmara Municipal está a instalar um centro de actividades culturais e em torno da qual se aponta ter nascido o topónimo de Laranjeiro. Antes da sua elevação à categoria de freguesia, todo o seu actual território estava integrado na Cova da Piedade, localidade a que pertenceu desde 7 de Fevereiro de 1928 até 4 de Outubro de 1985, data da sua criação, abrangendo uma área de 863 hectares. Em 1993, devido ao contínuo crescimento, a freguesia do Laranjeiro sofreu uma divisão para dar origem à do Feijó, ficando a área reduzida a 400 hectares. Situada no extremo nascente do concelho de Almada, confronta a Norte com a Cova da Piedade, até ao limite do eixo rodoviário do Centro Sul, a Sul com Corroios, a Nascente com o “Mar da Palha”, rio Tejo, limite que se prolonga por toda a Base Naval do Alfeite e a Poente com a freguesia do Feijó. É composta pelas localidades de Barrocas, Quinta do Janeiro, Miratejo e Laranjeiro e tem uma população residente de 21.175 habitantes, sendo considerada a terceira freguesia mais populosa do concelho. O Monumento à Solidariedade, aos 25 Anos do Poder Local, à Fraternidade e a Escola Naval do Alfeite são elementos que integram o património cultural da freguesia. A Escola Naval do Alfeite é um dos vários estabelecimentos de ensino militar situados na Base Naval de Lisboa, do complexo militar da Armada. A transferência das instalações militares para o Alfeite iniciou-se com a vinda da Brigada de Marinheiros, no princípio do século XX e, mais tarde, com a construção do Arsenal do Alfeite, que para ali se mudou em 1936, deixando as velhas instalações da rua do arsenal, em Lisboa. O comércio e os serviços são as actividades económicas com maior predominância na freguesia, sendo esta última a que contribui mais significativamente para a riqueza da mesma. Refira-se também o Arsenal do Alfeite, que emprega cerca de 2.600 trabalhadores, e algumas oficinas do ramo automóvel. Em termos de festividades, são organizados anualmente e festejados os arraiais comemorativos dos santos populares, nomeadamente, Santo António e São João.»

Verdadeiro Portugal


A bandeira de Portugal, usada desde a Proclamação da República a 5 de Outubro de 1910, foi oficialmente adoptada a 30 de Junho de 1911.

Nela se reflecte a independência de Portugal e através das suas cores e símbolos a história da sua fundação!

O verde significa a esperança, o vermelho o sangue derramado pelos combatentes que defenderam a nossa pátria. No centro da bandeira temos a esfera armilar - lembrando o globo terrestre - divisa do rei D. Manuel I, que simboliza as descobertas e conquistas realizadas pelos portugueses. Sobre a esfera, temos o escudo com que os bravos guerreiros se protegiam nas lutas travadas contra os inimigos. Através da incorporação do Algarve no reino de Portugal, pela conquista aos mouros de 7 castelos, o rei D. Afonso III mandou inclui-los no escudo. No meio e em forma de cruz, estão 5 quinas, que representam a vitória de D. Afonso Henriques sobre 5 reis mouros na Batalha de Ourique. E por fim, em cada quina, há 5 besantes - peças circulares usadas em brasões - que representam as 5 chagas de Cristo!

Esta é a nossa bandeira, este é Portugal de outrora, este é o verdadeiro Portugal!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Português de Portugal

Graças ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, dentro em breve teremos de modificar manuais escolares e dicionários no sentido de nos adaptarmos às recentes alterações acordadas entre os diversos países de língua portuguesa. Engraçado é que é o português de Portugal que vai sofrer maiores alterações, o português que levou a língua a tantos povos e nações de outros continentes. Seguramente que até chegarmos ao português de hoje, também houve muita contestação por parte dos antigos, e muita revolta por verem a sua língua inferiorizar-se ao português falado em outros cantos do mundo. É precisamente o que sinto quando vejo o meu alfabeto adquirir novas letras (k, y, w), e tomo conhecimento das alterações ortográficas, como por exemplo: húmido passará a úmido; acção a ação; facto a fato; óptimo a ótimo; baptismo a batismo; acto a ato; etc. Pelo contexto teremos de perceber se estamos a falar de fato de vestir ou de ato de atar... É a mesma revolta que sinto quando se levantam vozes que pretendem mudar o Hino Português por entenderem que o mesmo evoca tempos de batalha; sem pensarem que ainda que hoje não se viva tempo de guerra, o mesmo período, único áureo de Portugal, dignificou a época dos descobrimentos e a gente corajosa que tanto conquistou além fronteiras. Mudar o Hino de Portugal é esquecer de D. Afonso Henriques a D. Manuel II! Quase me apetece desejar que nunca tivessem existido tais Homens, ou que pelo menos existindo, nunca tivessem saído de Portugal.
Porque ver um povo perder a sua história, raízes, cultura e tradição é profundamente angustiante e arrebatador. Uma nação que tem vergonha dos seus costumes tradicionais, que adopta festas típicas de outros países como se fossem seus, sendo gozado pela prática pobre e ridícula das mesmas, que modifica a sua língua, língua essa mãe que fez nascer a de outros povos, é perder a identidade perante si e perante o mundo. Recusar-me-ei a compactuar com tal diminuto valor da história de Portugal. Se esses grandes Homens de outrora fossem vivos, certamente bradariam aos céus com tamanha baixeza dos portugueses que em nome de todo um país aceitaram o mais absurdo acordo, através do qual o português falado na Europa e África se submete ao descalabro brasileiro.

Para quem quiser consultar as origens do nosso português, aqui fica um site: http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa

Como sempre continua a não existir qualquer referendo, mas somente um bando de ministros e deputados que entre sorrisinhos e garrafinhas de água vão permitindo que Portugal fique sem côr e sem bandeira.

sábado, 29 de março de 2008

Violência na Escola

Mais um caso de violência na escola contra professores. Solução: transferência dos alunos infractores para outro estabelecimento de ensino!
Porque a solução não passa pela educação dos meninos mimados que em casa têm paizinhos permissivos e divorciados da tarefa de educar os filhos; porque a solução não passa pelo trabalho comunitário a favor da comunidade como modo de repreensão e disciplina porque o direito à liberdade não permite tal escravatura dos meninos mimados. Porque em outros tempos de Salazar havia respeito, disciplina e autoridade. Porque hoje o tão proclamado direito à liberdade virou libertinagem e falta de consideração para com tudo e todos. Os alunos regressarão à nova escola como se nada fosse, e a professora continuará a ser gozada pela restante turma. Hoje em dia os jovens na sua maioria são obstinados, mimados e com a mania das revoltas...problema é que a revolta começa cedo em casa pela falta de atenção e ordem dos pais que a fim de não serem incomodados, tudo dão aos meninos, para os mesmos não passarem as "privações" de outrora; bens materiais, saídas à noite e dinheiro é o que se quer. No meu tempo, nem me passaria pela cabeça exigir tal coisa; começava por comer o que estava na mesa e ponto final, quanto mais exigir fosse o que fosse. Mas os meninos de hoje vivem revoltados. Nem eles sabem com o quê, nem porquê nem contra o quê, mas é bom andar-se com roupas de moda, carinha de mimo e ser-se um revoltado perante os demais.
Os meninos infractores mudam de escola, mas a violência continuará, porque a disciplina e a ordem continuam a não existir nem a vingar. Os pais demitem-se da sua função, a educação fica para a escola e para quem tem de aturar os seus filhos malcriados sempre com resposta ordinária na língua. Porque hoje temos liberdades, direitos e garantias. Porque os deveres ficam para os "atrasados" que tentam impor a ordem. Para os meninos só há liberdades e direitos. Mudança de escola e problema resolvido e voltam todos às suas vidas. Lá vão eles gozar para outro lado, enquanto que se dizem muito arrependidos a um juiz; e um psicólogo justificará o seu comportamento devido a graves problemas de infâncias infelizes que afectaram o seu pleno e saudável desenvolvimento. Problema não é só esta geração, obstinada e revoltada de mimo; mas sim a próxima geração, porque com a educação que estes têm agora, que vão eles um dia transmitir aos seus filhos?

É caso para se dizer, mudam-se as moscas mas...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Deficiências e outras mentalidades

Mais uma brilhante proposta do Governo e seus ministros. Desta vez o feliz contemplado será o ministério da educação! As crianças portadoras de deficiências serão a partir do próximo ano lectivo, integradas no ensino regular; com excepção de crianças surdas, cegas e autistas, que continuarão a frequentar o ensino especializado. A ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que a grande aposta é dar formação aos professores do ensino regular para lidar com estas crianças, e integrar as mesmas na socidade. Afirmou ainda que não se trata de corte orçamental, mas quem insista em colocar os filhos no ensino especializado, terá de pagar do seu próprio bolso sem qualquer ajuda do Estado mensalidades que rondam os 360€! De rir é a ideia central deste novo plano, que prevê a possibilidade das crianças deficientes receberem apoio educativo especial pontual, assegurado por professores com formação especifica para estes casos!
Assim, as crianças com síndrome de Down e paralisia cerebral, entre outras problemáticas, passarão a fazer parte do ensino regular, onde nenhum professor é formado no ensino especial, nem terá tempo e disponibilidade para dedicar atenção à sua aprendizagem. Significa que estas crianças, cujos pais e professores se esforçaram para que suprissem as suas dificuldades no ensino especializado, onde as crianças eram acompanhadas e tinham alguém dedicado às suas necessidades, vão regredir em tudo o que aprenderam e desenvolveram até agora, pois integrados numa turma de 30 alunos, barulhentos e malcriados, serão provavelmente esquecidos, gozados e excluidos quer na sala de aula quer no recreio. Nenhum professor com 30 alunos lhes vais prestar atenção, nem terá tempo e possibilidade de explicar o que nem aos ditos "normais" conseguem explicar e fazer compreender. E se as crianças vão começar a ser incluidas no ensino regular na primária, seguramente irão continuar por lá no secundário. Assim se acaba a formação especializada ficando estas crianças numa qualquer sala a tentar perceber quem foi Camões e outros tantos. Não digo que Camões não seja importante, mas certamente para crianças deficientes, o essencial seria ser trabalhado o seu desenvolvimento e autonomia, apostando na sua formação escolar e profissional através de outro plano de educação que não este. E isto já para não falar de quase nenhuma escola regular ter condições nas salas de aulas e casas de banho para crianças deficientes ou sequer permitir o fácil acesso às mesmas.
Viva o ensino em Portugal! Viva a Ministra da Educação! Viva este Governo e seus Ministros!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Megan Meier

"Bullying" é um termo usado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully) ou grupo de indivíduos com o intuito de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz/es de se defender. "Bully" significa "valentão", o autor das agressões. A vítima é a que sofre os efeitos da agressão. Também ocorrem casos de alguns "bullies" serem eles próprios vitimas de outros "bullies", e exercerem sobre os mais fracos as mesmas agressões que sofrem de outros.

Bullying é essencialmente definido em 3 pontos, por um cientista norueguês (Dr. Dan Owelus):
1. comportamento agressivo e negativo;
2. comportamento executado repetidamente;
3. comportamento que ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas

O bullying divide-se em duas categorias:
1. bullying directo (forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos);
2. bullying indirecto, também conhecido como agressão social (forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social). Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem: espalhar comentários; recusa em se socializar com a vítima, intimidar outras pessoas para não se socializarem com a vítima, criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades, etc).

O bullying pode ocorrer na escola ou universidade, no local de trabalho, entre vizinhos e até países. A força do "bully" depende muitas vezes da incapacidade da vitima resistir e fazer frente ao agressor, sentindo-se intimidada e ao não oferecer resistência permite ao "bully" atacá-la. Geralmente a vitima tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda de meios de subsistência.

Os bullies pretendem intimidar, humilhar e atormentar a vitima, recorrendo a: Insultos à vítima acusando-a sistematicamente de não servir para nada; ataques físicos à vitima ou algo da sua propriedade; interferir com a propriedade pessoal da vitima, seus livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os; espalhar rumores negativos sobre a vítima; depreciação da vítima sem qualquer motivo; fazer com que a vítima faça o que não quer, ameaçando a vítima para seguir ordens; colocar a vítima em situação problemática com alguém por algo que não cometeu ou que foi exagerado pelo bully; fazer comentários depreciativos sobre a família da vitima, sobre o local onde reside, aparência pessoal, orientação sexual, religião, raça, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra característica da vitima da qual o bully tenha tomado conhecimento.

O bullying pode ainda ser praticado através de chantagem, expressões ameaçadoras, grafitagem depreciativa, sarcasmo; e adquirir a designação de cyberbullying, quando praticado através das novas tecnologias de informação (ex: criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento etc). O cyberbullying consiste no acto de intencionalmente denegrir, ameaçar e humilhar a vitima através do uso das novas tecnologias da informação.

Passemos agora a um chocante caso real:

A 17 de Outubro de 2006, Megan Meier do Missouri, EUA, foi declarada morta, após ter dado entrada no hospital no dia anterior. A adolescente de 13 anos havia-se enforcado no seu quarto após uma conversa no conhecido site myspace com um suposto amigo virtual que nunca tinha visto. Megan estava a recuperar de um problema de obesidade na infância, e era na altura medicada devido à baixa auto-estima e depressão causada pelos problemas que enfrentara; pois na escola havia sido vitima de "bullying" e tinha encontrado no amigo virtual a atenção e carinho que necessitava. Os pais que sabiam do amigo virtual de Megan, queriam saber mais pormenores sobre o mesmo, pois só aceitavam que a filha se comunicasse com familiares e colegas de escola que conheciam pessoalmente. O único que os pais de Megan conheciam, era uma fotografia do suposto amigo, que segundo ele se tinha mudado recentemente para aquela zona do país, vindo de uma família desfeita, e que procurava fazer novas amizades pelo site. O rapaz de nome Josh Evans, de 16 anos, não tinha telemóvel nem telefone fixo devido à situação precária da família, e estudava em casa. Momentos antes de se enforcar, Megan estivera ao computador com o amigo virtual, chegando a dizer à sua mãe que Josh (após vários meses de amizade virtual) teria terminado a amizade com ela e que estava a publicar mensagens sobre ela na sua página do myspace, onde dizia que Megan era uma puta, feia e gorda, e que o mundo seria melhor sem ela! A mãe de Megan ralhou com ela por estar a falar com Josh, que não conhecia de lado nenhum, e disse-lhe que tudo iria ficar bem, e para desligar o computador. Megan continuou online a ver o que o seu outrora amigo escrevia acerca ela, e saiu a chorar para o quarto a gritar que a mãe devia estar do lado dela. Vinte minutos depois a mãe foi ao quarto ver como estava a filha, e encontrou-a enforcada no roupeiro. Com a ajuda do marido, soltaram Megan e a sua pequena irmã foi chamar um vizinho que sabia fazer reanimação. O vizinho acorreu de imediato ao local, tendo feito todos os possíveis por Megan até à chegada da ambulância, que a transportou ao hospital, e onde foi declarada morta no dia seguinte. De imediato os pais de Megan quiseram contactar Josh, mas a sua conta e identidade tinha desaparecido... Desolados pelo suicídio da sua menina de apenas 13 anos, foram confortados pelos vizinhos e comunidade mais próxima. Contudo a história não acaba aqui, pois que uma vizinha decidiu finalmente revelar um segredo que mantia em agonia: Josh não existia! Josh tinha sido criado por uma outra vizinha e suposta amiga da família, que criou a identidade de um rapaz no myspace, com a ajuda da sua própria filha e de um empregado, no intuito de ganhar a confiança de Megan de modo a saber o que Megan pensava da sua filha (pois que ambas as meninas de 13 anos eram amigas, mas de momento pouco falavam)! Esta suposta amiga da família, sabia da fragilidade da menina, como esta tinha sofrido na escola por ter excesso de peso, como tinha baixa auto-estima e como só agora devido à medicação estava a recuperar a alegria de viver que nunca tinha sentido. Ao tomarem conhecimento de tais factos, os pais de Megan confrontaram a vizinha, que lhes confessou ter inventado a identidade de Josh e os seus intuitos com o plano; tendo referido que embora a criação de Josh possa ter acidentalmente levado ao suicídio da menina, ela não era culpada visto que Megan já se tinha tentado suicidar anteriormente; e que confessava os factos para se aliviar da tensão e se retirar de qualquer responsabilidade quanto ao suicídio. Ainda mais horrorizados com tal crueldade e mesquinhez que levou à morte da filha, os pais de Megan apresentaram queixa à policia, que confirmou junto da vizinha a história macabra. O caso chegou ao conhecimento de procuradores e juízes mas acabou por ficar impune devido a lacuna de legislação, pois que o intuito da vizinha não era "matar" Megan, e nada na lei proíbe ou criminaliza o facto de alguém criar uma falsa identidade na Internet num programa de conversação... Ainda que para ganhar erroneamente a confiança de alguém... Ainda que publique mensagens referentes a outra pessoa no intuito de abalar a auto-estima e gozar com um menor já fragilizado...Ainda que indirectamente tenha levado uma criança ao suicídio.

E como sempre, só após as desgraças acontecerem é que as lacunas da lei são descobertas e surgem propostas de criminalização de factos praticados via Internet, devido à forte contestação de toda a comunidade do Missouri e restantes Estados ao terem conhecimento do que se passou com Megan; contudo para Megan já nada servirá.

Megan faria 14 anos a 6 de Novembro. Foi sepultada com o vestido que tinha escolhido para a sua festa de anos, e pela qual ansiava tanto.

Que ao menos a sua morte não tenha sido em vão...

Quanto à vizinha, essa só pode ser doente mental, para ser capaz de tamanha crueldade, ainda para mais, conhecendo a debilidade da filha dos seus amigos. Como é possível que tenha saído impune quando tenha despoletado a morte de uma criança, devido aos seus ataques a Megan, uma criança já fragilizada e numa idade perigosa, em que ainda não se tem capacidade mental para suportar a dor, o gozo e a humilhação, nem capacidade de visão para compreender que pode ultrapassar qualquer situação e que não viverá aquela dor eternamente. Megan perdeu a vida por um engano, por uma fraude, por uma mentira cruel, macabra e mórbida de alguém que é adulto e mãe, e deveria ter consciência da maldade que estava a provocar deliberadamente a uma criança da idade da sua própria filha, apenas pelo prazer de se divertir à custa das lágrimas de outrem.

Megan tinha uma vida inteira pela frente, e estava a aprender a sorrir.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Fumo Psicológico

É proibido fumar. Finalmente entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2008 uma Lei do Tabaco que proíbe fumar em espaços colectivos e fechados. Desde logo a Lei tem sido alvo de grande contestação, na sua maioria por parte dos fumadores, mas também de alguns proprietários de serviços de restauração (estes últimos não preocupados com a saúde, mas sim com a perda de clientes). Esta nova Lei trouxe já aos nossos dias uma situação caricata e ridícula, na qual o proprietário de um café que chamou a polícia para fazer frente a um cliente que se recusava a deixar de fumar no estabelecimento, acabou por ser multado! Tudo porque não continha no interior do estabelecimento os respectivos dísticos a informar que no seu espaço era proibido fumar... Vá-se lá compreender como é que quem luta pela aplicação e defesa da Lei acaba multado, quando o prevaricador sai impune e em tom zombador...
Contudo os disparates não se ficam por aqui, pois foi criada uma Linha Telefónica SOS para quem necessite de informação acerca dos malefícios do tabaco ou de ajuda para deixar de fumar. E o mais engraçado é que a Linha Telefónica dá emprego não só a médicos como também a psicólogos!

Se necessário procure apoio e ajuda junto de: Familiares, amigos, colegas, ex-fumadores.
Técnicos de saúde (médicos e psicólogos) que aconselham e apoiam de modo profissional.
Telefone para a linha SOS deixar de fumar :808 20 88 88

É mais um desperdício de dinheiro e de "oferecer" emprego a quem não quer trabalhar, pois que função terão os psicólogos a atender o telefone? Que dirão? "o facto de fumar deve-se a um grave e profundo problema freudiano, a nível sexual", ou talvez quem saiba "coitadinho, hoje custou-lhe muito não fumar durante 5 minutos, tudo se deve a um conflito interno relacionado com a sua mãe ou ex-namorado que a deixou, faz parte da depressão que vive, volte cá amanhã para chorar mais um pouco"... Cambada de imbecis, psicólogos com cantigas e conversas fingidas e afins que aturam as suas históriazinhas. E os fumadores...que pena que eu tenho deles, que têm de ir fumar para a rua no meio do frio e da chuva, pobrezinhos que não conseguem deixar o tabaco, apanhados por tal terrível vicio e dependentes de tão pouca vontade própria! Dizia um senhor fumador e convidado no programa "Sociedade Civil" do canal RTP2, sobre a Lei do Tabaco, muito indignado, que: "qualquer dia também iriam estar à entrada das praias a proibir os banhistas de apanhar sol nas horas perigosas de sol!" Pois, é outro imbecil que não consegue compreender o quão estúpido é o seu exemplo, pois se quiser apanhar cancro de pele, pode fazê-lo à vontade, sem incomodar ninguém (além da sua família, se eles se preocuparem); agora fumar junto a outras pessoas prejudica-as e não há nada que ele possa fazer para o evitar, sendo que ninguém tem de respirar o fumo dele. Se o senhor quer fumar e arriscar a sua saúde que o faça, agora não tem é de fazer os demais respirar e viver com o seu luxo e capricho.

A saúde em primeiro lugar, basta de fumadores passivos. Quem quer desgraçar, que se desgrace a si próprio.