quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

1.º Julgamento

Já vai longa a noite, e já poderei dizer que foi ontem o dia do meu 1.º julgamento! Uma total mistura de sentimentos, ansiedade, alegria pelo tão desejado momento, e claro, algum receio à mistura. Contudo não posso deixar de mencionar que começo a sentir os mesmos sentimentos de quem se defende, perante tamanha arrogância, gabarolice, matreirice e esquema montado da contra-parte. Ainda assim consegui algumas contradições que espero serem valiosas na hora da decisão. As alegações finais ficaram para uma próxima sessão, a 16 de Fevereiro, juntamente com o depoimento de uma testemunha faltosa. Depois será esperar pela leitura de sentença, que muito honestamente, sendo de condenação, vou sentir bem na pele a impotência, injustiça e indignação de tal convicção. Contudo, espero que a justiça esteja do meu lado. Quero aqui também deixar uma palavra de apreço ao meu ilustre patrono, que me disse não poder comparecer ao meu 1.º julgamento, mas que contudo se desdobrou entre os tribunais do Barreiro e Almada, para estar a meu lado em tal momento especial na minha vida.

Patrono e mestre: o meu mais profundo reconhecimento e gratidão pelo gesto não só de direcção de estágio, mas também pelo apoio e amizade!

Ao meu companheiro em especial, e a todos os meus amigos que me apoiaram, um grande abraço de reconhecimento pelo ânimo, alegria e bravura que me transmitiram, e que me permitiu não chegar a tremer a uma sala de audiências!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Peço Justiça

Em véspera do meu 1.º julgamento como defensora oficiosa, de um caso sobre crime de ameaças, a ansiedade e nervoso miudinho vai aumentando à medida que as horas passam. É tempo de recordar os ideais de criança em que me imaginava num tribunal a protagonizar umas brilhantes alegações orais, capazes de emocionar toda a audiência e de mudar a vida do arguido, claro..injustamente acusado! Creio que essa minha faceta se deveu aos filmes norte-americanos que visionei (talvez em excesso para uma criança) e que me levaram a nunca sonhar com o querer ser actriz, cantora ou bailarina como a maioria das meninas (pelo menos na idade da infância). As alegações orais sempre me fascinaram desde tenra idade, principalmente porque nos filmes, o advogado se passeava perante os juízes, acusado e audiência como se estivesse num palco a representar, e ia fazendo os mais diversos sons imitando um disparo, ou o número de pancadas que um vitima tinha sofrido! Assim me perdia eu a imaginar-me no papel de um Dustin Hoffman, Al Pacino, ou outros cujo nome não me recordo de momento.
Desde cedo sempre vinquei bem que queria ser advogada, estar ligada aos tribunais, ou à policia. Amanhã vou ter por fim o tão esperado momento. Não será certamente como eu imaginei, nem poderei andar a passear no "palco", nem sei sequer se vou alegar amanhã ou noutro dia, pois há uma série de testemunhas a ouvir.

Contudo, o julgamento, as perguntas à contra parte e as alegações orais já estão preparadas. Claro que tudo poderá ser modificado, mediante o desenrolar do julgamento.

Sobra o medo...a ansiedade e a duvida de ser capaz ou de no final de contas ter seguido um sonho demasiado alto em que me considere totalmente incapaz.

Tento que o medo não apague o meu gosto pelo direito, pelo sonho de ser capaz de mudar alguma coisa no mundo, ainda que o meu mundo se restrinja ao Tribunal e não a todo um universo!

Medo de não corresponder ao esperado, de não compreender algo que me seja exigido, e medo sobretudo de um inocente ser declarado culpado pelo meu fraco desempenho.

Resta o acreditar que Deus não me deixará sozinha, e o querer honrar quem me ajudou a alcançar esta profissão (nem que seja quem pagou o curso!!)


É tempo de respirar fundo e dar tudo por tudo, ainda que numa defesa oficiosa. Porque toda a gente é pessoa e merecedora de defesa preocupada; e não de um acanhado ou irresponsável "Peço Justiça"!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Inocência perdida

Um menino de apenas 4 ano disparou contra um jovem de 18 anos.
O caso passou-se em Ohio, EUA, que já nos têm habituado a tantas histórias irreais, que mais uma já é normal e corriqueiro. O jovem estaria a tomar conta de várias crianças, quando por qualquer razão, o menino ficou zangado e afirmou ir ao quarto buscar uma arma. Ninguém acreditou. Contudo, não só foi buscar a arma, como disparou contra o jovem, ferindo-o num braço e parte do torso.

Mais tarde, veio a saber-se que a arma estava descarregada, tendo o menino sabido carregar a arma correctamente e manejá-la eficazmente, destravando-a.

O pai do menino, muito surpreendido pela atitude do filho, apenas referiu que usa a arma para caça mas que nunca ninguém ensinou o filho a lidar com armas, muito menos a carregá-las e usá-las. Referiu ainda tratar-se de um acidente, pois o seu menino não teria noção dos danos que poderia causar, e que certamente pensou tratar-se de uma arma de brincar.

No Ohio não há nenhuma lei que obrigue o afastamento de armas das crianças.


Surpreendida fiquei eu pelas declarações do pai do menino, suposta criança inocente e sem noção dos seus actos. Contudo, se o menino inocente sabe onde o pai guarda a arma, e que a mesma é usada para caça, e que os animais atingidos por ela são mortos; também deve saber que se a arma for usada contra uma pessoa, também trará o mesmo resultado. Certo é que o menino puro e inocente já viu como se carrega uma arma, como se maneja e como se retira a segurança; e ainda que ninguém o tenha ensinado, já o fizeram à sua frente, o que basta para uma criança aprender a fazê-lo, pela simples observação. Quem tem crianças sabe bem como elas são curiosas e observam tudo com muita atenção e tudo imitam, principalmente das pessoas que mais admiram. Agora ficar zangado, afirmar que vai buscar uma arma, ir efectivamente buscá-la, carregá-la e saber destravá-la...não lhe chamaria propriamente inocente, ainda que de tenra idade.

E se aos 4 anos já sabe disparar contra uma pessoa, imagino que proezas inocentes saberá fazer quando for adolescente... Os pais que se cuidem, ou um dia poderá ocorrer um crime inocente contra si próprios, porque o menino contrariado ficou zangado!