domingo, 8 de julho de 2007

7 Maravilhas

De todo Portugal foram seleccionadas 21 maravilhas, das quais foram estas as 7 eleitas no final. Mas a Portugal, se dedica esta homenagem, um breve texto sobre as 7 maravilhas e uma fotografia da sua beleza. A todos aconselho um passeio ao local das 21 (e não só), para redescobrir o nosso país, a nossa verdadeira história, coragem e magia. Porque o verdadeiro Portugal foi o erigido por estes Homens de outros tempos... E por isso, Viva essa Nação, esse Portugal!


Castelo de Guimarães
A sua construção inicial remonta ao tempo de Mumadona Dias, que o mandou edificar nos meados do séc. X para defender o mosteiro de Santa Maria de Guimarães dos ataques muçulmanos e normandos. Tornar-se-ia um dos primeiros exemplos “de uma estrutura castelar erguida para assegurar a protecção de um mosteiro, um binómio que se viria a verificar muitas outras vezes nas centúrias seguintes”. Mais de um século depois, o Conde D. Henrique escolheu Guimarães para estabelecer a sua corte, tendo demolido parte da construção, por esta necessitar de obras urgentes, e ampliando a área ocupada pela fortaleza original, com novos muros que apresentam uma técnica muito próxima do Românico. As mais importantes reformas arquitectónicas datam do século XII. A radical mudança nas tácticas militares, motivada pela introdução da piro balística, determinou o início de uma longa decadência da fortaleza. No século XVI, aqui foi instalada a cadeia da cidade. No século seguinte, o recinto acumulou as funções de palheiro real e de pedreira. Mas foi o séc. XIX o mais desastroso para o monumento. O estado de ruína do Castelo aumentava cada dia e, em 1836, um dos membros da Sociedade Patriótica Vimaranense defendeu a demolição do Castelo e a utilização da sua pedra para ladrilhar as ruas de Guimarães, já que a fortaleza tinha sido usada como prisão política no tempo de D. Miguel. Tal proposta nunca foi aceite e 45 anos depois, a 19 de Março de 1881, em Diário do Governo, classificava-se o Castelo de Guimarães como o único monumento histórico de 1.ª classe em todo o Minho. Em 1937 iniciou-se o restauro da estrutura, sendo a inauguração do castelo a 4 de Junho de 1940, por ocasião das Comemorações do VIII Centenário da Fundação da Nacionalidade.


Castelo de Óbidos
A sua posição dominante em relação à extensa lagoa a ocidente, favoreceu a instalação de um primitivo reduto fortificado de origem romana.. No mesmo impulso expansionista que levou as fronteiras de Portugal até à linha do Tejo, em 1147, a vila passou para a posse de D. Afonso Henriques, ficando para a posteridade uma tradição de tenaz resistência por parte dos muçulmanos. Anos mais tarde, na sequência das investidas almóadas de final do século, coube a D. Sancho I reconquistar a localidade, dotando-a então de condições mais efectivas de povoamento e de organização. O ano de 1210 é uma das datas mais marcantes da vila, sendo doado às rainhas, passou a figurar como uma importante localidade da casa das soberanas nacionais. Com presença assídua dos casais régios ao longo das Idades Média e Moderna, Óbidos floresceu e foi sucessivamente enriquecida por obras de arte. O mecenato artístico patrocinado por D. Leonor (séc. XV) e, especialmente, por D. Catarina (séc. XVI), marca a paisagem arquitectónica da vila. O castelo e as muralhas de Óbidos evocam a importância da localidade na Baixa Idade Média. Apesar de serem obra inventiva do séc. XX, asseguram a identidade daquele passado emblemático. A torre do Facho, no limite Sul das muralhas e ocupando um pequeno monte, tem vindo a ser atribuída à reforma de D. Sancho I. A expansão urbana verificou-se na viragem para o séc. XIV. Com D. Dinis, Óbidos cresceu para fora das muralhas, ocupando o espaço em torno da igreja de São Pedro. Deu-se a reforma do sistema defensivo e actualização do dispositivo militar. Campanha que deverá ter conferido a actual configuração ao perímetro amuralhado. Anos mais tarde, D. Fernando terá patrocinado novas obras, tendo a torre de menagem o seu nome. A reinvenção do castelo deu-se na década de 30 do séc. XX, reedificando-se torres e troços que haviam sido destruídos. No final dos anos 40, construiu-se a pousada, no local do antigo paço, e toda a vila foi dotada de uma homogeneidade estética que passou pelo revestimento de cal das fachadas e pelo pavimento uniforme de todas as ruas.


Mosteiro da Batalha
Também conhecido por Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória ou Mosteiro de Santa Maria da Vitória. O Mosteiro da Batalha é o mais importante símbolo da Dinastia de Avis. Construído por iniciativa de D. João I, na sequência de um voto à Virgem, caso vencesse a Batalha de Aljubarrota. Ao longo do séc. XV, praticamente todos os monarcas aqui deixaram a sua marca. O arranque das obras deu-se em 1388, conduzido por Afonso Domingues. A ele se atribui o plano geral da construção e o avanço dos trabalhos na igreja e no claustro. Com efeito, a partir de 1402, a chefia do estaleiro foi entregue a Huguet, arquitecto de provável origem catalã que inaugurou entre nós o tardo-gótico. Documentado à frente do projecto até 1438, a ele se deve o abobadamento dos espaços da igreja e da Sala do Capítulo (onde experimentou, pela primeira vez, uma abóbada estrelada), a construção da Capela do Fundador, o início das obras das Capelas Imperfeitas, bem como a conclusão da fachada principal, onde sobressai o portal axial. Este é delimitado por um arco canopial que integra os escudos de D. João I e de D. Filipa. No tímpano, exibe-se Cristo em Majestade ladeado pelos Evangelistas, e as arquivoltas são repletas de figurações que continuam pelas estátuas-colunas, ao abrigo de um complexo programa iconográfico. Contudo, a mais emblemática obra de Huguet é a Capela do Fundador. Ela foi concebida para panteão régio. No circuito interior desta capela, colocou-se o túmulo de D. João I e de D. Filipa, realização sem antecedentes no nosso país. Na capela repousam também os filhos do casal régio (como D. Henrique e o regente D. Pedro), de acordo com a decisão testamentária de D. João I em fazer deste espaço um efectivo panteão. Em 1436, D. Duarte decidiu edificar uma capela funerária para si próprio. O projecto concebido por Huguet privilegiava uma planta circular que não viria a ser concluída por morte do mestre. Desta forma a construção cessou até ao reinado de D. Manuel e, mesmo nessa altura, não foi concluída. Razão de esta parcela ser conhecida como as Capelas Imperfeitas. No reinado de D. Afonso V edificou-se o 2.º claustro do mosteiro. Ele resulta da intervenção do arquitecto Fernão de Évora, obra que contraria o tardo-gótico, tendo-se optado deliberadamente pela austeridade arquitectónica, que rejeita até a inclusão de capitéis a marcar o arranque dos arcos. Só no séc. XIX o Mosteiro voltou a ser intervencionado, desta vez com o objectivo de restaurar o conjunto. Campanha que se prolongou por meio século e que é um capítulo fundamental da nossa História do Restauro Monumental.


Mosteiro de Alcobaça
A Abadia de Alcobaça é um dos mais importantes mosteiros cistercienses medievais. Ao estatuto de monumento emblemático da Ordem durante o séc. XIII, a nível europeu, juntam-se os de 1.ª obra inteiramente gótica de Portugal e de 2.º panteão da monarquia nacional. O mosteiro foi fundado em 1153 por doação do nosso 1.º monarca a Bernardo de Claraval. A obra terá arrancado, por uma planta Bernardina, em 1178. O corpo de D. Afonso II foi trasladado para a galilé em 1233, e é de crer que a obra estaria praticamente pronta por essa altura. Nas primeiras décadas do séc. XIV construiu-se o claustro, ao que tudo indica com o patrocínio de D. Dinis. Ao longo dos séculos seguintes, foram muitas as obras e transformações no mosteiro. Como principal panteão régio da primeira dinastia, aqui se fizeram sepultar D. Pedro e D. Inês de Castro, em dois túmulos de qualidade ímpar a nível europeu. Na época Manuelina registaram-se novas obras, como o átrio da sacristia e o seu decorado portal e, no Barroco, novas realizações de actualização estética. A sala dos túmulos, aberta para o braço Sul do transepto, é neo-gótica.


Mosteiro dos Jerónimos
O Mosteiro dos Jerónimos é uma obra fundamental da arquitectura manuelina. O risco inicial é de Boitaca (1502), que lançou os fundamentos da igreja e do claustro, e cuja campanha de obra inclui os arranques do portal principal, actualmente abrindo para um nártex abobadado formado pelo varandim coberto. De cada lado da entrada destacam-se, sobre mísulas, as estátuas de vulto de D. Manuel e de D. Maria. A meio da fachada Sul, voltada para o Tejo, rasga-se o belo pórtico de João de Castilho, estruturado ao modo de monumental relicário de ourivesaria, sobrepujado pela estátua da Virgem de Belém e o Arcanjo S. Miguel, e decorado com esculturas dos Apóstolos, Profetas, Doutores da Igreja, Sibilas e anjos. No registo inferior, ao centro do mainel que divide a porta, uma estátua do Infante D. Henrique. A actual Capela-mor, Maneirista, é da autoria de Jerónimo de Ruão e guarda os túmulos, classificados de D. Manuel I, D. Maria, D. João III e D. Catarina. No transepto estão os túmulos de D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique e, no 1.º tramo do sub-coro, estão os cenotáfios de Luís de Camões e de Vasco da Gama. A Casa do Capítulo, a Nascente do Claustro, foi reconstruída em 1884 e alberga o túmulo de Alexandre Herculano. No Refeitório conserva-se uma pintura representando São Jerónimo.


Palácio da Pena
O Palácio Nacional da Pena constitui uma das expressões máximas do Romantismo aplicado ao património edificado no séc. XIX em Portugal. Este extraordinário Monumento Nacional deve-se inteiramente à iniciativa de D. Fernando de Saxe Coburgo-Gotha, que casou com a Rainha D. Maria II, em 1836. Dotado de uma educação muito completa, o futuro D. Fernando II enamorou-se rapidamente de Sintra e, ao subir a Serra pela 1.ª vez, avistou as ruínas do antigo convento de frades hieronimitas, originalmente construído no reinado de D. João II e substancialmente transformado com D. Manuel I que, ao cumprir uma promessa, o mandou reconstruir em pedra, em louvor de Nossa Senhora da Pena, doando-o novamente à ordem dos monges de S. Jerónimo. Com o Terramoto de 1755, que devastou Lisboa e toda a região circundante, o convento da Pena caiu em ruína. Apenas a Capela, na zona do altar-mor, com o magnífico retábulo em mármore e alabastro permaneceu intacto. Foram estas ruínas, no topo escarpado da Serra de Sintra, que maravilharam o jovem príncipe D. Fernando. Em 1838, decidiu adquirir o velho convento, toda a cerca envolvente, o Castelo dos Mouros e outras quintas e matas circundantes. Assim, deu início ao seu sonho romântico: reconstruir o antigo convento e anexar-lhe uma parte nova para complemento desta residência de Verão da família real portuguesa. Pensou, igualmente, em mandar plantar um magnífico parque, à inglesa, com as mais variadas, exóticas e ricas espécies arbóreas. Desta forma, Parque e Palácio da Pena constituem um todo magnífico. O Palácio, em si, é um edifício ecléctico onde a profusão de estilos e o movimento dos volumes são uma invulgar e excepcional lição de arquitectura. Quase todo o Palácio assenta em enormes rochedos, e a mistura de estilos que ostenta (Neo-gótico, Neo-manuelino, Neo-islâmico, Neo-renascentista, etc.) é verdadeiramente intencional, na medida em que a mentalidade romântica do séc. XIX dedicava um invulgar fascínio ao exotismo. O conjunto das diversas guaritas, das mais variadas formas e feitios, o desnivelamento dos sucessivos terraços, o revestimento parietal com azulejos Neo-hispano-árabes oitocentistas, são elementos significativos. A adaptação da janela do Convento de Cristo em Tomar, do lado do Pátio dos Arcos e a notável figura do Tritão, simbolizando, a alegoria da Criação do Mundo, são pormenores fundamentais na interpretação deste Palácio. A concepção dos interiores deste Palácio para adaptação à residência de verão da família real valorizou os excelentes trabalhos em estuque, pinturas murais em trompe-l’oeil e diversos revestimentos em azulejo do séc. XIX, integrando as inúmeras colecções reais.


Torre de Belém
Também conhecida por Torre de São Vicente a Par de Belém, foi construída em homenagem ao santo patrono de Lisboa, S. Vicente, no local onde se encontrava ancorada a Grande Nau, que cruzava fogo com a fortaleza de S. Sebastião. O novo baluarte perpetuou assim, e em pedra, essa estrutura de madeira. O arquitecto da obra foi Francisco de Arruda, que iniciou a construção em 1514 e a finalizou em 1520, sob a orientação de Boitaca. Como símbolo de prestígio real, a decoração ostenta a iconologia própria do Manuelino, conjugada com elementos naturalistas. Foram efectuadas algumas intervenções que finalizaram com os restauros oitocentistas nas ameadas, no varandim do baluarte, no nicho da Virgem virada para o rio, e no próprio claustrim onde assenta. A Torre de Belém revela o ecletismo que caracteriza as obras em que D. Manuel interveio pessoalmente. A função militar está reservada ao baluarte, que avança sobre as águas do rio em três pisos (andar subterrâneo, nave do baluarte e terraço). Os registos da torre são reservados a outras funções, como as de carácter administrativo (sala do Governador e Sala das Audiências), palatino (Sala dos Reis) e mesmo cultual (capela no último piso).

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