quarta-feira, 4 de março de 2009

Crescimento em Vigia

Saiu um artigo no jornal Diário de Noticias, de 27 de Fevereiro deste ano, sobre pais que contratam detectives para saber vigiar os seus filhos.

O intuito dizem os pais é saber o que se passa na vida dos filhos, desde conhecer as companhias com que os filhos se dão, ao que fazem na ausência dos pais e às conversas que têm. Tudo pode ser registado mediante uma câmara de filmar e microfone oculto, até jovens "infiltrados" que tentam estabelecer amizade com o jovem a vigiar para tentar descobrir a sua vida. Até no quarto dos jovens adolescentes os pais "podem" entrar através destes métodos, ou seja, nem no seu pequeno mundo - o quarto - o jovem pode estar à vontade.

Ora, isto não me parece a melhor solução. Talvez uma boa educação desde cedo, e muito diálogo e proximidade entre pais e filhos resulte melhor do que desconfianças e controlos excessivos. Os jovens necessitam de aprender, crescer e errar por si próprios. Não se pode vigiar uma pessoa 24h por dia nem tal é saudável para nenhum dos lados. Este tipo de controlo é ilegal, porque se trata de registar conversas e imagens que não foram consentidas, ainda que o "dono do consentimento" seja menor. Contentes ficam os detectives pelo aumento da procura deste tipo de "trabalho" que lucram fortunas devido à falta de confiança e diálogo entre pais e filhos.

A descoberta de tal vigilância apenas cria revolta e sentimento de incompreensão nos jovens, que nem em casa podem ser eles próprios nem se sentir livres. Os pais falam de protecção, os filhos de opressão e controlo excessivo.

Está certo que a mentalidade dos jovens de hoje e a vida em si não tem nada a ver com outras gerações passadas, mas estes métodos são ilegais e deveriam ser exclusivamente usados para a procura de pessoas desaparecidas e não para se vigiar pessoas que estão connosco. Claro que há inumeros perigos para além do alcool e drogas, há amigos virtuais que afinal são predadores, há companhias que levam por maus caminhos, há comportamentos de risco; mas a solução não passa por uma câmara de vigilância. Passa sim pelo alertar de perigos, por regras e disciplina desde a mais tenra idade. Mais educação e menos mimalhada. Mais diálogo e menos ipods e computadores.

Uns aproveitam-se dos pais e lucram com isso, outros querem conhecer os filhos através de máquinas em vez de falarem com eles.

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