terça-feira, 4 de setembro de 2007

Mapas para Grávidas

Numa entrevista do Correio da Manhã de dia 26 de Agosto de 2007 a Francisco George, director-geral da saúde, são de reflectir as considerações que a personagem faz acerca do nascimento de bebés em ambulâncias devido ao encerramento de maternidades, urgências e centros de saúde por todo o país. Referiu assim o individuo que as grávidas devem ser informadas durante o período de gravidez, dos percursos a seguir aquando do trabalho de parto, para assim não demorarem tanto tempo na deslocação até ao hospital mais próximo. E como nenhum bebé nasce em poucos minutos após o inicio do trabalho de parto, é tempo suficiente para se chegar ao destino sem consequências graves para mãe e filho; ao que a assim não acontecer, revela falta de informação das grávidas e que é preciso trabalhar nessa área, e falta de cuidado das mesmas que não estão atentas aos primeiros sinais de parto e tardam a sua própria deslocação... Referiu ainda a dita personagem que apoia o encerramento das urgências e dos serviços de atendimento permanentes, realçando ser amigo do ministro, a quem reconhece a qualidade de liderança e de trabalho...
Este sr. que é tão atrasado como a tromba que tem, entende então que a culpa é das grávidas que tardam a reconhecer os sinais de trabalho de parto e a chegarem a um hospital a dezenas de km de distância. E que as mesmas devem ser informadas durante a gravidez do percurso a seguir... realmente minhas senhoras, 9 meses de gravidez deve ser período que baste para terem na vossa posse mapas de estradas e atalhos para chegarem a tempo ao hospital aberto mais próximo!

E que fazer em casos de perigo de vida para mãe e filho, ou em que o cordão umbilical esteja a sufocar o bebé e a mãe ainda tenha de percorrer 50km até um hospital? E se a criança tiver de ser retirada a ferros ou por cesariana? E se não houverem ambulâncias disponíveis? E o tempo que demora a ambulância a chegar a casa da mãe e a regressar ao hospital? E se chegada ao hospital com os primeiros sinais de trabalho de parto, os médicos entenderem que é falso alarme e mandam a grávida para casa, e ela ao chegar a casa tiver de regressar ao hospital e acontecer uma qualquer desgraça no caminho?

Certamente que os ilustres ministros e outros parolos que defendem o fecho de urgências, centros de saúde e maternidades, têm as suas grávidas bem perto dos mesmos, e com serviço de atendimento preferencial, porque a sra. é esposa de um qualquer ministro...

Mas infelizmente esta gente consegue sempre levar a sua a avante, porque o povo parvinho, quando as coisas correm bem, acham muita graça à situação, e o caso de nascimentos em ambulâncias viram histórias de telejornal, e o bebé vira "o 1.º bebé nascido na IP3, que lindo"! É quase como ser o primeiro bebé do ano, a que todos acham muita gracinha. Lá ficaremos à espera de mais desgraça para que finalmente este Governo seja posto a andar (mais rápido que as ambulâncias, esperemos) e Portugal dê a volta que precisa se ainda for a tempo.