quinta-feira, 28 de maio de 2009

Nero

Tenho de confessar, não sei se sou fã de Nero ou de Peter Ustinov que interpretou a figura do Imperador Nero no filme Quo Vadis!
Já uma vez o disse a um italiano, e quase tive de fugir!
Também não é que pretenda seguir as ideias de Nero quanto aos seus «passatempos» ou que pense em incendiar o meu querido Laranjeiro ou o concelho de Almada...se bem, que talvez até fizesse falta algo do género em alguns pontos...mas que Nero foi uma figura marcante do Império Romano, isso ninguém o pode contradizer.


Nero nasceu em Âncio, a 15 de Dezembro de 37 d.C. com o nome de Lúcio Domicio Aenobarbo. Era filho de Gneu Domicio Enobarbo e Agripina. Esta era descendente da família imperial Júlio-Claudiana, sendo filha de Agripina Major e Germânico e bisneta de César Augusto. Após a morte do marido de Agripina, esta começou a pensar em como poderia elevar o seu filho ao mais alto nível; tendo para tal, seduzido o seu tio Cláudio, que era o Imperador. Após a sedução, os planos continuaram, tendo conseguido convencer o Imperador a adoptar Lúcio como seu filho, e Lúcio a casar com Otávia, filha do Imperador.

Agripina queria que o seu filho fosse Imperador...

É assim que misteriosamente em 54 d.C. o Imperador Cláudio morre envenenado... Contudo, este tinha um filho, Britânico, que seria o sucessor...mas que aparece morto no ano seguinte... Agripina tinha finalmente o caminho livre para levar ao trono o seu filho Lúcio, que recebe assim o nome de Nero Claudius Caeser Augustus Germanicus ao ser proclamado Imperador, sem oposição.

Contudo, Nero tinha herdado a maldade e perversidade de sua mãe Agripina, que morre em 59 às ordens do seu próprio filho Nero após algumas tentativas falhadas. Foram elas:
- Construção de um aposento para Agripina, cujo tecto caisse quando esta dormisse;
- Como o plano falhou, Nero mandou chamar a sua mãe que estava em Roma, para ir ao seu encontro, tratando de arranjar como meio de transporte uma embarcação, cujo fim seria naufragar; contudo este foi-se afundando tão devagarinho que Agripina se atirou ao mar nadando em busca da sua salvação. Ao chegar a terra, quando uma das suas escravas foi morta pelo exército de «resgate», fugiu por outra margem.
- Após estas tentativas falhadas, Nero decidiu denunciar a própria mãe ao Senado, por conspiração; e não satisfeito, enviou um destacamento da guarda pretoriana para a matar. Desta vez, Agripina já não pôde fugir, mas ao ser apunhalada pelos guardas, pediu que a esfaqueassem no ventre, uma vez que tinha dado à luz tal criatura monstruosa.

No ano de 62 d.C. é a vez de Otávia, esposa de Nero, morrer às ordens deste. Imediatamente Nero casa com Popeia (que era sua amante) da qual teve uma filha em 63 d.C., Claudia, que vem a falecer. Em 65 d.C. é a vez de Popeia falecer, com um pontapé no ventre, dado pelo próprio Nero, quando esta estava grávida. Devido aos remorsos de Nero, em vez de cremada conforme a tradição romana, Popeia foi embalsamada e colocado no mausoléu da família.

Diz-se ainda que mais tarde, Nero se casou publicamente com um escravo, eunuco, mandado castrado por ordem de Nero...

Mas a «desgraça» de Nero não acaba por aqui!
Enquanto Nero esteve sob a orientação de sua mãe Agripina, do seu preceptor e filósofo Séneca e do seu prefeito pretoriano Burrus, tudo parecia seguir mais ou menos controlado, dentro dos esquemas destes, que claro, nem sempre seriam os mais aconselhados. Contudo é com a influência do prefeito pretoriano Ofónio Tigelino, que Nero dá largas aos seus mais terríveis e maléficos planos!

Nero que já gostava de cometer alguns excessos e loucuras - com os seus famosos banquetes, festas, jogos de arena, teatros e músicas - ao seu influenciado por Tigelino, leva a cabo o seu derradeiro sonho de construir uma Roma à sua imagem e honra; para tal a actual Roma teria de desaparecer, e nada melhor para o fazer, do que provocar um grande incêndio delimitado a certas áreas. Assim, poderia reconstruir a cidade como bem quisesse, bem como um grandioso palácio em sua glória, de nome Casa Dourada! Conta-se que enquanto Roma ardia, Nero tocava lira e cantava desde a varanda do seu Palácio...deslumbrando com tamanhas labaredas e com o concretizar do seu sonho!

Contudo, o fogo alastra-se fortemente, e para controlar o povo alarmado, é preciso encontrar um bode expiatório que fosse considerado culpado de tamanha maldade. As novas vitimas de Nero, foram os Cristãos, que na altura se reuniam secretamente para adorar «outro» Deus que não Nero! Estava encontrado o «grupo» a quem atribuir o crime!

Após este episódio, Nero é declarado como «O anti-Cristo» pelos Cristãos, uma vez que foi durante o seu reinado que se iniciaram as perseguições a estes, e que São Pedro e São Paulo foram assassinados. O primeiro foi crucificado à semelhança de Jesus Cristo, mas de cabeça para baixo; e o segundo foi decapitado.

Após tais desaires de Nero, a sua imagem começou a provocar algum descontentamento nos populares e militares, que resultaram em diversas revoltas, dando origem a mais um incontável número de vitimas. Com o decorrer da situação, o governador Galba, decidiu rumar com o seu exército ao encontro de Nero, tendo este sido declarado nefas e persona non grata, e Galba como novo Imperador.

Assim, sem qualquer apoio da população e dos seus guardas, e uma vez que alguns destes se renderam e juntaram a Galba, e até de alguns dos seus amigos terem sido mortos ou se suicidado, Nero foi obrigado a fugir.

Ao ser perseguido pela guarda pretoriana, para não ser julgado na praça pública e morrer completamente desonrado às mãos de Galba, acabou por se suicidar, ajudado por uma sua ex-escrava, de nome Cláudia Acte, que ele próprio tinha expulso, mas que se tinha sempre mantido sempre fiel. Estávamos no ano de 68 d.C.

Nero foi o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana.

Actualmente existem historiadores que duvidam da atribuição da culpa deste incêndio a Nero, versão que tem tido pouca aceitação.. Vá-se lá saber porquê...

Peter Ustinov, que interpretou Nero no filme Quo Vadis, ganhou um Óscar pelo seu magnifico desempenho!

Fica aqui um link, com um dos trechos memoráveis...ohhhh force divine!


P.S. - Na peregrinação que fiz no ano de 2000 a Roma, para o encontro mundial da juventude com o Papa João Paulo II; chegada a um local digno de Nero, cantei este trecho inesquecível! Só me faltou a lira...e claro, quem me ouviu, também teve de se contentar com este pequeno trecho, devido à minha garganta...
Parece contraditório com a minha religião, mas como referi, não sigo todos os passos de Nero...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Supostamente morto e enterrado

Está instalada a confusão no cemitério de Valadares. Os protagonistas são de etnia cigana...desde logo é garantido o circo!

Frede Cardoso Marques da Rosa é o suposto falecido enterrado no dito cemitério, com uma pomposa lápide com o seu nome e com direito a fotografia!

Contudo, antes de supostamente morto, o de cujus era procurado pela justiça, carregando às costas uma série de crimes de burla.

Supostamente morto, os processos seriam extintos.


No entanto, continuam a chegar à barra do tribunal mais processos onde figura o nome do suposto falecido, recebendo a PSP mandados de detenção para o trazer à justiça!


Feita a investigação apurou-se através de uma certidão de óbito, fornecida pelo coveiro do cemitério, que o cadáver que jaz em nome de Frede, é o de seu irmão Vítor Manuel Cardoso. Facto também comprovado junto do Hospital, Conservatória do Registo Civil e Junta de Freguesia.


Quem não aprova tal situação é a família do supostamente morto e enterrado Frede que defende a todo o custo que este está efectivamente morto, e que nem sequer tem um irmão! Quem o diz é a mãe e irmã que se deslocam ao cemitério para chorar o supostamente enterrado Frede.


Gostava de ver a cara da família se o corpo fosse exumado - e feitos os devidos exames através de ficha médica, ou se esta não existir...talvez através de ficha criminal (!!!) - e aparecesse Vítor em vez de Frede....ainda deveriam ter lata para dizer que andam a chorar um desconhecido e que afinal o tão bondoso e inocente Frede está enterrado por engano em qualquer outro lugar!


Vão lá procurá-lo noutra campa...ehehehe