quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ira


Mulher, personificando o pecado da ira, rasga suas vestes com o rosto transfigurado por forte emoção - Giotto (1267-1337) - Capela Scovegni, Pádua, Itália.
Ira, tenebroso sentimento, e um dos sete pecados mortais. Ira sempre sobre o mesmo assunto. Ira sempre contra a mesma pessoa, ou resto de gente, como eu defino. Ira que guardada de inúmeros acontecimentos, acumulando um explosão de sentimentos que são despoletados ocasionalmente quando o "tema" é trazido à conversa, ou à visão. Por vezes nem é preciso falar, basta ver e tudo regressa outra vez, qual sentimento adormecido sempre à espreita de acordar e se revelar.

Sentimento guardado a sete chaves que num ápice solta todas as fechaduras e amarras e tudo derruba. Sentimento transponível a todo o instante, capaz de passar pelas barreiras mais meticulosas, altas e espessas.

Num instante, anos de trabalho interior é praticamente perdido, sendo necessário reconstruir novamente toda a estrutura, muros e barreiras. Impossível de controlar, impossível de reter durante longos períodos como se fosse invisível e insensível.

É um lutar sozinho, uma batalha a travar interna e exteriormente. Trabalho árduo de um só, fácil de destruir pelos demais que nem reconhecem o esforço, nem respeitam a dor, mágoa e rancor que provocam com as suas atitudes egoístas.
Egoísmo puro que magoa demais. Egoísmo cego que não vê nem quer ver o transtorno que provoca, pelo simples egoísmo. Egoísmo que só arrebata rancor, e torna o monstro cada vez mais difícil de adormecer. E embora vá adormecer novamente, tenho certeza que em breve, estará de volta. E volta num rugido cada dia mais sonoro.


Ira, é o que hoje sinto.

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