segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Peço Justiça

Em véspera do meu 1.º julgamento como defensora oficiosa, de um caso sobre crime de ameaças, a ansiedade e nervoso miudinho vai aumentando à medida que as horas passam. É tempo de recordar os ideais de criança em que me imaginava num tribunal a protagonizar umas brilhantes alegações orais, capazes de emocionar toda a audiência e de mudar a vida do arguido, claro..injustamente acusado! Creio que essa minha faceta se deveu aos filmes norte-americanos que visionei (talvez em excesso para uma criança) e que me levaram a nunca sonhar com o querer ser actriz, cantora ou bailarina como a maioria das meninas (pelo menos na idade da infância). As alegações orais sempre me fascinaram desde tenra idade, principalmente porque nos filmes, o advogado se passeava perante os juízes, acusado e audiência como se estivesse num palco a representar, e ia fazendo os mais diversos sons imitando um disparo, ou o número de pancadas que um vitima tinha sofrido! Assim me perdia eu a imaginar-me no papel de um Dustin Hoffman, Al Pacino, ou outros cujo nome não me recordo de momento.
Desde cedo sempre vinquei bem que queria ser advogada, estar ligada aos tribunais, ou à policia. Amanhã vou ter por fim o tão esperado momento. Não será certamente como eu imaginei, nem poderei andar a passear no "palco", nem sei sequer se vou alegar amanhã ou noutro dia, pois há uma série de testemunhas a ouvir.

Contudo, o julgamento, as perguntas à contra parte e as alegações orais já estão preparadas. Claro que tudo poderá ser modificado, mediante o desenrolar do julgamento.

Sobra o medo...a ansiedade e a duvida de ser capaz ou de no final de contas ter seguido um sonho demasiado alto em que me considere totalmente incapaz.

Tento que o medo não apague o meu gosto pelo direito, pelo sonho de ser capaz de mudar alguma coisa no mundo, ainda que o meu mundo se restrinja ao Tribunal e não a todo um universo!

Medo de não corresponder ao esperado, de não compreender algo que me seja exigido, e medo sobretudo de um inocente ser declarado culpado pelo meu fraco desempenho.

Resta o acreditar que Deus não me deixará sozinha, e o querer honrar quem me ajudou a alcançar esta profissão (nem que seja quem pagou o curso!!)


É tempo de respirar fundo e dar tudo por tudo, ainda que numa defesa oficiosa. Porque toda a gente é pessoa e merecedora de defesa preocupada; e não de um acanhado ou irresponsável "Peço Justiça"!

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