segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A Família


Cada vez mais a família é atacada em todo o seu significado. Atacada pelos meios de comunicação, televisão, jornais e revistas, que apelam aos prazeres e à liberdade, como se dentro da família nada mais houvesse que “prisão” e infelicidade. O corpo passou a ser uma imagem de marca e quem não estiver dentro dos parâmetros de escultura não serve. Crê-se que dentro de casa não se pode rir, nem amar, nem se ser feliz ao lado de alguém. A família é trocada por dinheiro, bens materiais, sexo e promiscuidade sem valor nem significado algum, e por cãozinhos que não dão trabalho nem é preciso levar à escola e educar, basta dar uns croquetes, dizer senta e rebola conforme a nossa vontade.
Entende-se “crescer” como uma aprendizagem a fazer sozinho em aventuras de minutos, e só na velhice fosse válido procurar alguém, quanto muito para nos ajudar a mexer quando já não o conseguimos fazer por nós próprios.
Cozinhar, limpar, lavar são gestos que muitos equiparam a escravatura, porque é perda de tempo, porque se pensa ser criado de alguém; quando não se consegue perceber que tais actos só podem ser feitos por amor, dedicação e ajuda e não em sentimento de obrigação. Os casais passam a maior parte do tempo fora de casa, onde o mundo lhes parece sem problemas, e os coleguinhas bem mais interessantes e sem chatices ou obrigações; e facilmente o casal é destruído por esta ideia vã. Busca-se o prazer carnal como se os corpos fossem puros objectos, pedaços de carne sem sentimentos, para usar e deitar fora, para guardar na prateleira e ir buscar quando se tem vontade, e trocar por outro quando se está farto de brincar com aquele boneco. Para muitos viver é curtir a vida, sem limites e responsabilidades nem deveres, só se conhece o “direito a”, numa atitude egoísta de ver e sentir os outros. Vida essa vazia e vã que muitos não se dão conta que viver assim é perder o bem mais precioso que temos e nos foi dado.
Pena que não percebam que dentro da família se pode ser feliz e livre, basta haver amor e haverá respeito, tolerância e consideração. Muitos são aqueles que não aceitam uma opinião diferente, e que por qualquer “dá cá aquela palha” destroem uma relação, não conhecendo o significado da tolerância, esta claro, dentro de limites de respeito. Mas falar de limites, para muitos é imposição de regras e disciplina, porque o único limite que conhecem é a sua própria vontade e egoísmo. Muitos vivem em volta de um “eu” que tudo pode, e tudo manda, e o “outro” é simplesmente o outro que deve viver segundo o nosso ideal de vida e tudo o que é diferente é reprovado. Não conhecem o dar-se ao outro sem medida, o saber morrer pelo outro. Saber morrer significa abdicar do seu próprio egoísmo e vontades, abdicar da sua vidinha isolada e saber partilhar duas vidas numa só. Não falo de morte no sentido literal, ou de abdicarmos de quem somos entrando no caminho da obsessão, mas sim de sabermos renunciar à futilidade e materialismo, e ao “eu” como dono do outro. Infelizmente são poucos os que crescem segundo princípios e valores que tentam seguir durante a sua vida, ainda que tantas vezes pisados e enxovalhados. Quem ama é ridicularizado pelo facto de ajudar em casa, pelo facto de dizer perdoa-me e preciso de ti.
Como dizia JPII não somos os nossos pecados, mas sim a soma do Amor que Deus tem por nós.

Eu amo o meu companheiro, e tenho orgulho no Homem que é, reconhecendo as suas qualidades e atirando para trás os seus defeitos, e não tenho vergonha de dizer que preciso de ti. Não colecciono os teus erros mas guardo no meu coração todas as alegrias que me dás, tal como te peço que não recordes os meus erros.
E sou feliz fazendo-te feliz a meu lado.

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